Hoje, dia 20 de Setembro fazia a minha avózinha Laura, avó paterna, 87 anos.
Sempre que me recordo dela, vejo-a a cantar no último natal que passámos
juntos. Lembro-me de ter cantado músicas alusivas à época com um enorme sorriso
na cara, de estar contente por a termos ido buscar ao lar e por poder passar o
dia na sua casa com os seus filhos e netas/neto. A minha avó partiu há dois
anos, mas ainda hoje sinto um vazio no coração, como se nos tivesse deixado
ontem. Era uma mulher de força, que conseguiu criar 3 filhos, na altura em que a
crise afetava famílias de uma forma bastante terrível comparado com a crise de
hoje. Perdeu o marido bem cedo e, mesmo assim, teve uma coragem de viver que
hoje é exemplar. Ainda consigo sentir o sabor das pataniscas que sabia
fazer tão bem, da sopa de feijão que cozia enquanto eu e a Rita víamos o batatoon, as
boroas de mel no natal que todos os anos fazia para o meu pai e que ele tanto
gostava, lembro-me como se fosse hoje de nós nos sentarmos no chão enquanto ela nos ensinava cuidadosamente e na perfeição como passar uma camisa do meu pai a ferro. Estes foram pequenos momentos que a minha avó me proporcionou e que
marcaram a minha infância. Tempos que não voltam atrás, que trazem saudade e
que simbolizam o amor de uma avó que adorava as suas 'piquenas'.
Como forma de simbolizar o seu aniversário, quando saí do estágio passei na
terra do meu pai. Apanhei dois ramos de oliveira junto à capela de Couto de
Cima, capela onde íamos à missa com ela quando dormíamos na sua casa e segui em direção
ao cemitério onde está sepultada. Pousei os ramos de oliveira na campa dos
meus avós. Estive um tempo a olhar para a campa, lembrei-me de como seria bom
tê-la, ainda hoje, connosco e rezei por ela, porque sei que ela também olha por
mim todos os dias. Saí do cemitério com o coração feliz e segura de que hoje
teria sido um dia muito bem passado e que terminaria numa mesa de jantar cheia de
família, com um assado de vitela do forno de sua casa, como era habitual
fazer-se todos os 20 de Setembros de todos os anos em que comemorámos o seu aniversário.
Maçã e Canela
É muito triste estes dias mas temos que recordar com um sorriso, não achas tão bom recordar? Enfim, mas ao mesmo tempo este mundo é muito injusto... beijinho
ResponderEliminarObrigada pelo apoio. Quem nos quer bem e quem nos marcou nesta vida, deixa sempre a sua saudade.
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