domingo, 26 de maio de 2013

Um mês se passou

Faz hoje precisamente um mês que nos deixou, avôzinho. Ainda custa a acreditar!
Ainda hoje olho pela janela na esperança de o ver a dizer-me adeus ou de o ver a vir para minha casa. A sua felicidade era contagiante e a sua presença transformava os nossos dias numa simples e pura alegria.
Foi você que me criou, que me viu a dar os meus primeiros passos na minha carreira, que me ensinou a rir e a ser feliz.
Tenho-me tentado agarrar às coisas boas da vida, como tantas vezes me ensinou, e a dar sempre um sorriso aos nossos dias. Contudo, tem sido dificil. Não há dia que não pense em si e que o meu coração não chore por sentir a sua falta a meu lado. Confesso ser uma pessoa bastante agarrada às pessoas que me envolvem (talvez seja este o meu maior ponto fraco) mas a sua perda fez-me perceber que apartir do dia 26 de Abril de 2013 os meus dias iam passar a ser diferentes, tristes, que era algo que eles não eram quando estava entre nós. A falta que nos faz nos dias de hoje é algo que o meu coração ainda não consegue deixar de sentir. Sonho várias vezes consigo, que vamos aos chineses passear, que andamos nas suas terras a ver as suas culturas, que estamos a almoçar todos em família e que depois vamos os 3 para o sol. Tudo isto pertence ao passado, e eu desejava que tudo isto ainda fizesse parte do presente. Apenas me resta reviver os bons momentos e olhar para as fotografias e para os vídeos que fizémos juntos e perceber o quão feliz você me fez nestes quase 23 anos de amor familiar e o quão bem você me acolheu sempre em sua casa.
Gostava de poder partilhar consigo o meu dia-a-dia, contar o quão bonita foi hoje a missa campal da nossa orgulhosa aldeia, o quão lindos estavam os andores, dizer que os nossos mirtilos estão verdes mas bonitos, que o espantalho continua a tomar conta das suas batatas e a tocar viola para elas, partilhar consigo os meus problemas e sentir o seu apoio e ouvir os seus conselhos. Mas sei que, apesar de não ouvir as suas belas palavras de conforto, está a tomar conta de mim e que me está a ajudar nesta fase menos boa da minha vida assim como estará sempre ao longo de toda ela.
 Nunca ninguém irá perceber a forte ligação e o grande amor que nós, vossas netas, sempre sentimos por vós. É um amor diferente, um amor maior que de avós e netos, um amor genuíno e puro.
Estas palavras que hoje lhe deixo poderão não ser tão bonitas como as que a minha querida Lena lhe deixou. Mas são sentidas e vêm inteiramente do coração. Espero que, onde quer que esteja, as consiga ouvir e sentir a enorme vontade que eu desejava de o ter a meu lado na missa de hoje, no meu dia-a-dia quando chego a casa e ao longo de toda a minha vida porque uma das poucas pessoas que me fez feliz foi você avôzinho e eu estar-lhe-ei eternamente grata por isso.
Porque eu tenho fé e acredito que um dia nos voltemos a encontrar, não aqui, mas no céu e que eu volte a sentir aquela felicidade que senti ao longo destes anos em que esteve a nosso lado.

Um enorme beijinho com eternas saudades da sua sempre,

Rita


3 comentários:

  1. Ritinha, as palavras de amor são sempre divinas e tanto tu como a Lena têm o dom de as escrever com a majestade e grandeza que o vosso sentimento vos dita. O tio Manuel também teve os melhores netos do mundo e foi bastante mimado por vocês porque era isso que ele merecia.

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  2. Obrigada Paulinha! Espero que todos os netos e avós sintam a felicidade que nós sentimos quando ele estava a nosso lado.

    Beijinho,
    Rita

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  3. soube que eras tu a escrever na terceira frase. ahh ja vos conheço taoo bem, até na escrita. mas nao importa quem escreveu, desde que venha de coracao!

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